Creio que seja a música italiana mais conhecida no mundo todo. Basta alguém cantarolar o refrão de Nel Blu Dipinto di Blu (Volare) que irá fazer referência à Itália. Vamos analisar essa grande inspiração de Domenico Modugno e Franco Migliacci?
Certa noite, em 1957, ambos combinaram de se encontrar na casa do Franco, porém Modugno não apareceu. Ao analisar um catálogo com obras do pintor francês Marc Chagall, começaram a surgir algumas ideias.
Franco analisou pinturas em que o azul predominante de uma obra era no mesmo tom de azul que aparecia no rosto de um homem representado em uma outra. E teve uma sacada! Algo como “me pintar de azul para me sentir no céu, tocar o céu, me confundir com o azul do céu.”
No dia seguinte, Franco relatou a inspiração e Modugno percebeu que poderia render uma grande música. Foram longas semanas em cima dessa ideia, porém faltava o refrão – e também todos os elementos românticos que aparecem na versão definitiva de “Volare”.
Em entrevista, Modugno relata que abriu a janela em um dia chuvoso e de vento. Foi ao piano e, ao ver aquela situação climática, logo surgiu o “volare, ô ô…”.
A dupla percebeu que havia feito algo muito legal e decidiu inscrever a música no Festival de Sanremo de 1958. Ligaram para conhecidos e ninguém quis defender a música. O próprio Modugno, portanto, apresentou a canção. E venceram, óbvio. É importante citar que o jovem cantor Johnny Dorelli também se apresentou, uma vez que o regulamento determinava dois intérpretes.
A apresentação elevou a música italiana a outro patamar. A Itália passou a “volare” muito mais alto a partir daquele momento. O gesto de Modugno no refrão tornou-se estátua na cidade onde ele nasceu: Polignano a Mare, na província de Bari, região da Puglia.
Alguns artistas que gravaram: Dean Martin, Al Martino, David Bowie, Ray Conniff, Gipsy Kings, Barry White, entre tantos outros.
Vamos traduzir a canção?
É importante você observar que a música trata de três azuis: o do céu, o da tinta e o dos olhos da pessoa amada. Afinal, quando Modugno acorda do sonho, no qual pintava as mãos e o rosto de azul e voava cada vez mais alto, ele permanece feliz por, aqui embaixo, continuar voando, porém no azul dos olhos dela.
Nel Blu Dipinto di Blu (Volare)
Letra e tradução
Penso che un sogno così non ritorni mai più
Penso que um sonho como esse nunca mais retorna
Mi dipingevo le mani e la faccia di blu
Eu pintava as minhas mãos e o rosto de azul
Poi d’improvviso venivo dal vento rapito
Depois, de repente, eu era raptado pelo vento
E incominciavo a volare nel cielo infinito
E começava a voar no céu infinito
Volare, ô ô
Voar, ô ô
Cantare, ô ô ô ô
Cantar, ô ô ô ô
Nel blu dipinto di blu
No azul pintado de azul
Felice di stare lassù
Feliz por estar lá em cima
E volavo, volavo, felice
E voava, voava, feliz
Più in alto del sole ed ancora più su
Mais alto do que o sol e ainda mais alto
Mentre il mondo pian piano spariva lontano laggiù
Enquanto o mundo lentamente desaparecia longe lá embaixo
Una musica dolce suonava soltanto per me
Uma música doce tocava apenas para mim
Volare, ô ô
Voar, ô ô
Cantare, ô ô ô ô
Cantar, ô ô ô ô
Nel blu dipinto di blu
No azul pintado de azul
Felice di stare lassù
Feliz por estar lá em cima
Ma tutti i sogni nell’alba svaniscon perché
Mas todos os sonhos ao amanhecer desaparecem porque
Quando tramonta la luna li porta con se
Quando a lua se põe, ela os leva consigo
Ma io continuo a sognare negli occhi tuoi belli
Mas eu continuo a sonhar nos teus olhos lindos
Che sono blu come un cielo trapunto di stelle
Que são azuis como um céu repleto de estrelas
Volare, ô ô
Voar, ô ô
Cantare, ô ô ô ô
Cantar, ô ô ô ô
Nel blu degli occhi tuoi blu
No azul dos teus olhos azuis
Felice di stare quaggiù
Feliz por estar aqui embaixo
E continuo a volare felice
E continuo a voar feliz
Più in alto del sole ed ancora più su
Mais alto do que o sol e ainda mais alto
Mentre il mondo pian piano scompare negli occhi tuoi blu
Enquanto o mundo desaparece lentamente nos teus olhos azuis
La tua voce è una musica dolce che suona per me
A tua voz é uma música doce que toca para mim
Volare, ô ô
Voar, ô ô
Cantare, ô ô ô ô
Cantar, ô ô ô ô
Nel blu degli occhi tuoi blu
No azul de teus olhos azuis
Felice di stare quaggiù
Feliz por estar aqui embaixo
Nel blu dipinto di blu
No azul pintado de azul
Felice di stare quaggiù
Feliz por estar aqui embaixo
Nel blu degli occhi tuoi blu
No azul de seus olhos azuis
Felice di stare quaggiù
Feliz por estar aqui embaixo
Con te
Com você
lindo trabalho.canções belas
Linda estória por trás dessa música maravilhosa, muito bem contada.
Linda, linda, simplesmente linda desde o Festival de San Remo em 1958. Eu tinha 15 anos e me apaixonei por ela. Obrigado Domenico Modugno e Franco Migliacci.
Gosto muito da canção
Conhecia interpretada pela Orquestra Central do Troviscal nos Anos de 1950
da qual eu viria a fazer parte de 1962 a 1966
Já conhecia a belissima historia dessa canção. É fantastica, alegre, romântica, tocante… parabéns mas, porquê não homenagear os dois com uma estátua cada um, afinal os dois foram responsáveis por essa maravilha.
Música alegre, traz alegria e letras muito inspiradoras.
Parabéns àos dois.
Parabéns pelo lindo texto para tão apreciada e executada música. Sempre prazeroso ouvi-la e ficar a “volare” com a bela interpretação de Modugno.
A mais bela canção italiana que ouvi nos anos 60. Até hoje a sua linha melódica é única.